sábado, 31 de julho de 2010

Revolta no teatro (200 anos-Schummann e Chopin)

Isaac e Mônica Duarte (oboé e piano)
executaram a maior parte do repertório da noite
                      Eu e um amigo fomos assistir um concerto no Teatro Santa Isabel, evento GRATUITO, diga-se de passagem, mas propaganda enganosa, havia mais ingressos para convidados que para o público em geral.Após menos de uma centena ter conseguido os ingressos, veio um senhor avisar sobre o término da entrega dos ingressos:"estavam esgotados" (mentira).
                    Instalou-se a Euforia e a Revolta, um outro senhor disse que no teatro há espaço para 800 pessoas e nem uma centena havia conseguido os tais convites/ ingressos, foi um bate boca entre o "velho" e o "coroa", as pessoas entraram no saguão do teatro. Só saíriamos dali com o ingresso. A fila se misturou, e pra se reorganizar aí era outra historia. Meu amigo ciritcou o fato da quantidade de pessoas que havia se formado diferentemente do havia fora do teatro, o organizador não lhe prestou atenção. Não prestou, meu amigo gritou: "ei, estou falando com você!", todo munfo olhou.escutei um "tá esquentado", fiquei pasmo. Um vigilante se aproximou. A situação  normalizou-se, entramos apenas de 18 horas, porque as vagas reservadas não haviam sido preenchidas.
                     O espetáculo foi um show à parte. Gilson Cornélio no violino direcionou a Sonata Op. 105 em Lá Menor de Schumann, sendo seguido pela pianista Elyanna Caldas. No início do espetáculo, o casal Isaac e Mônica Duarte realizaram a maior parte do repertório da noite, no caso músicas de Schummann,e a pianista Maria Clara Fernandes expôs a Polonaise Fantaisie de Chopin. Todos receberam medalhas ao final do concerto. Só espero que a organização do Festival não faça de idiotas aqueles que saem de casa para se saciar de "cultura", porque a Propaganda diz Gratuito e não RESERVADO.

sábado, 24 de julho de 2010

"O que é isso, Xica ?"



                  Doze anos após ter feito Ganga Zumba, Cacá Diegues retorna à temática histórica com Xica da Silva.
                  A protagonista Zezé Motta domina o filme com sua presença, os fatos ocorrem de forma direta ou indireta a satisfazer os caprichos de sua personagem.
                 O ano de realização da obra é 1976, o Brasil estava dando sinais de abertura Política, os costumes mudavam, as mulheres começavam a exercer autonomia na seara econômica e política, o Divórcio estava em vigor. O filme trouxe este "ar" de contemporaneidade, afinal é sobre uma mulher que ultrapassou os obstáculos do preconceito racial e social, ama, vive e se liberta, novamente Cacá impôe o Negro como protagonista e autor na História Nacional, diferente das obras teledramatúrgicas da época.
                  A alegria permeia o filme inteiro nas cores das roupas, na Fotografia, na canção de Jorge Ben e no humor escancarado. 
                 Não deve passar batido o fato de que era o auge das comédias eróticas nacionais, e Xica também se "contaminou " por essa época, mas a nudez do corpo escultural de Zezé Motta só vem enriquecer os atributos da obra, tem função. Impagável a cena do banquete entre Xica e o conde de Valadares (José Wilker).
                 A Embrafilme, principal finaciadora dos filmes brasileiros da época, espécie de Petrobrás da área cinematográfica, conseguia se aproximar do público, aliás esse debate sobre como atrair o público para assistir filmes nacionais sempre vai dar pano pra manga
                 O filme foi um grande sucesso de público e de crítica, hoje é clássico, no entanto sequer foi lançado em DVD, cabe-nos fazer o download para apreciá-lo.
             

terça-feira, 20 de julho de 2010

Desencontros, apenas isso.

Tem dias que todas as pessoas que pretendemos encontrar não encontramos. Uma dica, quando após duas tentativas sem sucesso de encontrar pessoas, desconfie. Hoje foi assim, simplesmente 04 pessoas que eu ansiava encontrar desencontrei. Sucesso.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Quinta-feira nublada

             Preocupado em cumprir certas pendências antes das 17:30 no Fórum, andando, subindo escadas, descendo, isso tudo após ter ficado meia hora na fila do protocolo de petições entrei na 17 ª Vara Cível, terceiro andar, pedi o processo ao funcionário da secretaria, ele disse que tinha localizado naquele mesmo dia, sinais de que outros estagiários estavam à procura daqueles autos.
              Um advogado entra na secretaria, cabelos pentados pra trás, paletó e gravata impecaveis, pergunta num tom bem solene ao funcionário,
             - o juiz está aí?
             - Não, aqui ele não está, ele está na sala ao lado.
             - então , vou corrigir minha pergunta, o juiz está no recinto? Ampliei a pergunta.
             - sim, agora ele está, sim.
             - tu lembra daquele processo, só quero despachar com ele ....
             - Dr. tá aqui, joselma encontrou ontem, deixa eu pegar.
             - Qual o seu nome?, me perguntou.
             - Pedro, respondi. A partir daí foi uma saraivada de perguntas sobre a instituição de ensino que eu cursava, os professores, tudo num tom que não mais era solene, mas de um amigo.
             - Pedro, tu és Pedra, conhece aquela história do barco em que estvam Thiago, João e Simão (Pedro)?, eu respondi que não, mas o servidor chega com o processo e a conversa se interrompe.
              - O Dr. tão acostumado a essa vida...., profere o servidor num ar debochado.
              - Depois de cinco anos andando, gastando sola do meu sapato consegui ganhar uma ação tributária, coloquei pra ajeitar meu escritório, entre outras coisas. Olho pra esse rapaz, me indicou, lembro de quando comecei a advogar...
              -  Né Dr. hoje, o senhor com Gel com cabelo, já não gasta os sapatos.
              - É verdade. Pedro, se você não sabe este funcionário é muito conhecido nas cercanias de Piedade, pra não ser explícito, conhece Odete? Pronto, ele é fiscal das mercadorias que ela oferece.
              - Que isso , Dr. se eu tivesse dinheiro....
O tom de brincadeira , se interrompe, afinal o advogado queria falar com o juiz. O servidor me diz que o MM. não falava com estagiários, apenas advogados, fiquei surpreso, afinal isto nunca me ocorreu.
O advogado me pergunta sobre o que eu desejava falar com o juiz, respondi que era pra pedir avaliação de certos imóveis numa execução.
             - Bom, nisto não vou me meter não....
O Servidor retorna e diz que o juiz não poderá atender, estava despachando outro processo."Não posso nem dar uma palavrinha com ele? É rápido...", não pôde sequer colocar o pé na sala do MM. juiz.
             - Pedro, aprenda uma coisa: Nunca pergunte se pode fazer algo. Faça. Nunca pergunte se pode dizer algo. Diga.
             - Dr, voltou -lhe a atenção o servidor, pode vir segunda...
             - Não autue o processo, estou pedindo desistência dele, só isso. Olhe este filho da p. não estaria ganhando dinheiro se isto, indicou o processo que estava em minhas mãos, não existisse, ele não teria feito Concurso, se nós não trabalhássemos, é conhecido que os medianos fazem concursos, quem tem capacidade não se enfileira numa direção apenas. O advogado abriu a porta, se despediu e ainda entoou "Pedro, tu és pedra e sobre ti edificarei a minha Igreja."
              Fechou a porta e se foi, a mim restou apenas esperar para falar com o acessor do Juiz, segunda -feira, afinal o dia seguinte era feriado municipal.

Prof. Cacá Diegues entra no recinto


Pesquisando sobre História Nacional, mais propriamente sobre a época colonial, nas listas de recomendação dos livros não faltam citações acerca dos filmes de Cacá Diegues. Em sua Filmografia três obras que trazem como tema este período: Ganga Zumba (1964), Xica da Silva (1976) e Quilombo (1984).

Ganga Zumba foi pioneiro em trazer como protagonistas somente atores negros, sinais de mudança das idéias nos anos 60, colocando-os como sujeitos ativos na construção da historiografia nacional, narra a fuga de um grupo de escravos para Palmares, o maior quilombo já concretizado, um ideal, um paraíso para aqueles que foram trazidos à força para esta terra.
A música do compositor pernambucano Moacir Santos se torna parte da narrativa , detalhe para a canção do início, Nãnã, entoado na voz de Nara Leão, esposa de Cacá na época da realização da obra fílmica, Cartola também faz uma ponta no filme. Dentre os atores Eliezer gomes e Antônio Pitanga dominam a cena com atuações exemplares. Foi o primeiro longa-metragem de Cacá,não se trata de uma história real, apesar de ser inspirado numa obra literária.


O filme se prende à fuga dos integrantes do grupo, entre os quais Ganga Zumba, futuro centralizador de Palmares, futuro "Rei", afinal Zumbi , só veio surgir na cena, após o serviço de Ganga Zumba jé ter sido feito. Palmares era um conjunto de mocambos , cuja organização e centralização de Ganga formou o hoje conhecido Maior quilombo já concebido nestas paragens até sua total destruição entre 1695 e 1710.

A obra como um todo é interessante, possui acabamento técnico e um cuidado diferente de outras obras realizadas no período do Cinema Novo, talvez por se tratar um filme com temática Histórica, por isso singular e faz refletir sobre a escravidão. Possui um clímax violento e instigante.