sexta-feira, 16 de julho de 2010

Quinta-feira nublada

             Preocupado em cumprir certas pendências antes das 17:30 no Fórum, andando, subindo escadas, descendo, isso tudo após ter ficado meia hora na fila do protocolo de petições entrei na 17 ª Vara Cível, terceiro andar, pedi o processo ao funcionário da secretaria, ele disse que tinha localizado naquele mesmo dia, sinais de que outros estagiários estavam à procura daqueles autos.
              Um advogado entra na secretaria, cabelos pentados pra trás, paletó e gravata impecaveis, pergunta num tom bem solene ao funcionário,
             - o juiz está aí?
             - Não, aqui ele não está, ele está na sala ao lado.
             - então , vou corrigir minha pergunta, o juiz está no recinto? Ampliei a pergunta.
             - sim, agora ele está, sim.
             - tu lembra daquele processo, só quero despachar com ele ....
             - Dr. tá aqui, joselma encontrou ontem, deixa eu pegar.
             - Qual o seu nome?, me perguntou.
             - Pedro, respondi. A partir daí foi uma saraivada de perguntas sobre a instituição de ensino que eu cursava, os professores, tudo num tom que não mais era solene, mas de um amigo.
             - Pedro, tu és Pedra, conhece aquela história do barco em que estvam Thiago, João e Simão (Pedro)?, eu respondi que não, mas o servidor chega com o processo e a conversa se interrompe.
              - O Dr. tão acostumado a essa vida...., profere o servidor num ar debochado.
              - Depois de cinco anos andando, gastando sola do meu sapato consegui ganhar uma ação tributária, coloquei pra ajeitar meu escritório, entre outras coisas. Olho pra esse rapaz, me indicou, lembro de quando comecei a advogar...
              -  Né Dr. hoje, o senhor com Gel com cabelo, já não gasta os sapatos.
              - É verdade. Pedro, se você não sabe este funcionário é muito conhecido nas cercanias de Piedade, pra não ser explícito, conhece Odete? Pronto, ele é fiscal das mercadorias que ela oferece.
              - Que isso , Dr. se eu tivesse dinheiro....
O tom de brincadeira , se interrompe, afinal o advogado queria falar com o juiz. O servidor me diz que o MM. não falava com estagiários, apenas advogados, fiquei surpreso, afinal isto nunca me ocorreu.
O advogado me pergunta sobre o que eu desejava falar com o juiz, respondi que era pra pedir avaliação de certos imóveis numa execução.
             - Bom, nisto não vou me meter não....
O Servidor retorna e diz que o juiz não poderá atender, estava despachando outro processo."Não posso nem dar uma palavrinha com ele? É rápido...", não pôde sequer colocar o pé na sala do MM. juiz.
             - Pedro, aprenda uma coisa: Nunca pergunte se pode fazer algo. Faça. Nunca pergunte se pode dizer algo. Diga.
             - Dr, voltou -lhe a atenção o servidor, pode vir segunda...
             - Não autue o processo, estou pedindo desistência dele, só isso. Olhe este filho da p. não estaria ganhando dinheiro se isto, indicou o processo que estava em minhas mãos, não existisse, ele não teria feito Concurso, se nós não trabalhássemos, é conhecido que os medianos fazem concursos, quem tem capacidade não se enfileira numa direção apenas. O advogado abriu a porta, se despediu e ainda entoou "Pedro, tu és pedra e sobre ti edificarei a minha Igreja."
              Fechou a porta e se foi, a mim restou apenas esperar para falar com o acessor do Juiz, segunda -feira, afinal o dia seguinte era feriado municipal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário