segunda-feira, 30 de julho de 2012

Viagem ao desconhecido

          Há alguns dias, li  "Encontro com Rama" de Arthur C. Clarke e expresso que esperava mais da obra. Somos apresentados a um enigma espacial personificado numa estrutura cilíndrica, inicialmente percebida como um asteróide, cujo deslocamento no cosmos se dirige ao Sol.
          A reação a passagem daquele corpo pelo sistema solar atrai as mais diversas discussões científicas da comunidade espacial, integrado pela Terra e por suas colônias em Marte, Mercúrio, e satélites dos planetas gasosos e como poderia se esperar não tarda a exploração científica pela nave que encontra-se disponível e próxima da trajetória da estrutura alienígena.
          O autor possui um discurso direto e objetivo, sua descrição física do interior da nave alienígena, agora nominada de Rama, é exigente e pormenorizada. A narrativa eficaz abarca o leitor na atmosfera de apreensão e suspense nos momentos de análise e descoberta do interior da gigantesca nave, microcosmo de planeta. Noutras palavras, "Encontro com Rama" é um Hard Sci-fi da melhor espécie.
          Todavia, ao final da obra, o leitor fica desapontado porque os questionamentos lançados durante a aventura espacial não são respondidos. Qual o propósito de Rama? Por que ele veio para o sistema solar? Daí, a ausência de respostas acaba por ser um indício da mensagem implícita de Arthur C. Clarke: O homem vislumbra as criações externas, sobre os quais não sabe a origem e finalidade, e deve se dar por satisfeito pela possibilidade de analisá-las e estudá-las mesmo que fique por toda a eternidade sem saber os objetivos daqueles que criaram-nas. 
          Encontro com Rama possui mais três continuações, cujas publicações atualmente estão fora do catálogo editorial Brasileiro e podem ser encontradas em Sebos ou na Web.

Felicidade em elétrons

          Como Alguém pode se sentir feliz por saber que um amigo está namorando? Por que sentir-se bem por saber que outra pessoa está bem, apaixonadamente falando? Bom, é como se eu estivesse no mesmo ânimo de alegria que este meu amigo.
        Poxa, pensar que no começo da semana eu estava a dar conselhos a ele sobre relacionamentos, conselhos disfarçados de encorajamento e agora a moeda mostrou sua outra face. Então, saiba, amigo, vendo-o feliz sinto-me feliz e faço de sua animosidade ensolarada uma inspiração para eu enxergar meu mundo de outra forma.

sábado, 28 de julho de 2012

Resenha sobre Amorquia de André Carneiro

          Amorquia, uma obra de André Carneiro (1991) pode ser definido como uma Distopia Erótica.  Distopia por ele descrever um fututo indesejável e erótico por carregar em sua narrativa o sexo como núcleo temático.
          Logo no início somos apresentados a Túnia, mulher que sai de sua residência, vestida de homem e com um pênis falso entre as pernas para atrair alguém. E consegue um rapaz, Pércus, este enganado acerca do gênero sexual da mesma, aceita transar com ela. Essa é apenas a primeira da sucessão de cenas eróticas que permeiam o livro. O sexo existente na obra  é constante e as formas de prazer para se alcançar o gozo são várias, desde carícias obtidas através de animais de estimação até o incesto. A sociedade retratada neste futuro vive para o sexo, a monogamia não é acatada, pelo contrário, é um indício de desagregação social. Por incrível que pareça a narração das cenas eróticas não é vulgar, entedia tamanha a quantidade de situações nos quais os personagens interagem.
         A ilusão de Imortalidade assimilada pelos personagens é desestabilizada através das notícias de mortes de pessoas. Contudo, quando o leitor pensa que a ação do livro vai engrenar o tédio das cenas de sexo continuam, entre tantas uma cena me chamou atenção, quando os personagens estão numa espécie de piscina se estimulando uns aos outros, me lembrou o filme "SHORTBUS". 
          A riqueza de Amorquia reside nos diálogos, facilmente poderiam ser adaptados para uma peça de teatro e se fosse filmado, o livro poderia se tornar uma obra fílmica de Jean Luc Goddard. Há questionamentos acerca da inferioridade do homem à mulher no que tange ao sexo, como também acerca da independência social da mulher neste futuro retratado. 
          A crítica social existente na obra pode ser obtida na analogia da falta de perspectiva inerente aos personagens no tempo em que se desenrola a trama  ao existente nos tempos contemporâneos. De igual maneira, ocorre as críticas ao estilo de vida contemporâneo, quando os personagens falam que no passado os homens "matavem-se dentro de carros" ou fumando. E através desta arma da analogia, André Carneiro expõe ao leitor o quão absurdo pode ser a transformação da  satisfação do prazer sexual em objeto único e principal almejado pelo homem.