sábado, 7 de maio de 2011

Profissão : Cineasta


Fiz um filme, fui aos festivais de Cannes, Berlim e Veneza. A atriz que nele trabalhou ganhou um prêmio em Berlim por sua  interpretação. Ganhei a Palma de Ouro de melhor direção em Cannes.

Volto para o Brasil, permaneço anônimo.

Meu filme quando passou pela primeira vez em rede aberta na televisão foi numa sessão destinada a filmes nacionais após as duas da madrugada. Não sei quem pode tê-lo visto, por levar em conta também que dificilmente alguém ficará acordado na madrugada de segunda pra terça- feira para assistir um filme.

Não usei dinheiro público, talvez possa ser um diferencial. Fiz do meu bolso e de meus patrocinadores. Será que para alguém realizar filmes neste país é preciso seguir as normas ditadas por Hollywood? Por que os brasileiros não se enxergam? Por que preferem assimilar algo feito, produzido com o intuito de alienar-lhes as mentes. Será que roubaram o senso crítico desta população miserável? Somos colonizados diariamente.

As obras de Fernando Meirelles e José Padilha podem ser considerados as mais próximas da perfeição no nosso Contemporâneo Projeto de Indústria Cinematográfica Made In Brazilian Country. Mas o preconceito antes as obras nacionais nas telas é tão arraigado tão enraizado que acabam se tornando justificativa para ausência de Produção, Distribuição e Divulgação.

Busco em meus filmes não apenas o arrebatar das bilheterias, mas também o não arrependimento do valor pago pelo cinéfilo no ingresso.

Meus Filmes buscam discernimento sobre o Ser Humano, sobre mim. Sobre alguém numa madrugada chuvosa que sentou-se em frente a TV e viu um filme em que dirigiu há vários anos.
                        
                                                                           Dedico a Karin Ainouz, Marcelo Gomes e Cláudio Assis. 

Um comentário: